"Nem eu sei direito o que estou querendo dizer aqui. Possivelmente estou tentando descrever a essência e não um fato. Mas descrever a essência e não um fato é como marcar encontro com alguém no lado oposto da lua. É um lugar completamente escuro e não tem sinalização. Além de tudo, é vasto demais." Homens sem Mulheres, Haruki Murakami
Rá, o deus do Sol no Antigo Egito |
O Sol Só II (2008)
E agora só o sol está só no céu.
A lua tem o mar, e as estrelas tem outras estrelas.O vento sopra as nuvens que querem ser companhia
Imaginado calor numa criatura fria.
E quando o sol carente quer tentar se esconder
A chuva vem para manter as aparências.
O mundo então nunca imagina essa história
O sol é lembrado por seu esplendor e glória
Não é fácil ser o sol
Queimando para todos
Esquentando o frio do vazio
Não é fácil ser o sol
Chorando teu fogo vermelho
Para ninguém
Entre endereços, telefones e CNPJs as letras surgiam. |
Em julho de 2009, montava um faixa a faixa e descrevi essa canção assim:
Fazer
uma canção que não falasse de ninguém específico era raro, não foi megalomania,
mas sempre ouvi falar muito do sol, ele está presente nas letras das músicas e
poemas através dos tempos. Mas e se o sol estivesse triste e solitário
“Chorando seu fogo vermelho pra ninguém”? tentei imaginar a letra pelo ponto de
vista do sol. Mais jogos de palavras como “Agora só o sol está só no céu”.
Nas tardes de sol a pino enquanto entregava revistas no pelo centro industrial de Arujá me vi sem possibilidade de me abrigar da estrela. Tão somente isso! A melodia precisa para envolver os versos parecia impossível. Pedi que meu ex-professor de violão musicasse e ele, de forma muito precisa, o fez. Aos dezoito anos, no entanto, o desapego é uma palavra escorrida do dicionário. Soava belo, e, ao mesmo tempo, faltava algo: Eu. É por minha melodia não ser a primeira para a letra, o título ganhou o "II". Como dezenas de outras, essa canção nunca foi tocada em nenhuma apresentação da Falsa Modéstia, mas a encontrei perdida em rascunhos de repertórios, amostra do sonho de tocar uma série de shows com composições próprias aleatórias.
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