“A melhor coisa de uma fotografia é que ela nunca muda, mesmo quando as pessoas nela, o fazem.” - Andy Warhol
Postagem de julho de 2011 com o poema original de Kariny |
Dentre os recursos recorrentes em minha observação de mundo está a tentativa de enxergar tudo sob um viés literário. Seria uma doença? Mergulhando no Mal de Montano de Enrique Vila-Matas me ponho a perguntar se sofro deste mal. Forrar um texto de citações demonstrando a falta de um pensar particular. Recordo da leitura de Schopenhauer: Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Ao mesmo tempo, podemos ruminar entre leituras e não chegar a conclusão alguma. Isso diz mais acerca do escrito em si ou da habilidade do leitor? Pode ser que isso não importe, ou então que eu tenha perdido o fio da meada. Os textos deveriam surgir na quarta-feira, e não posteriormente. Este parágrafo me parece inútil, avisar a esta altura, no entanto, tornou a leitura indispensável.
No dia vinte e cinco de março de 2013 me veio uma melodia e corri para o violão em busca de traduzir o emaranhado de sons em acordes. A palavra a estimular a procura de sentidos que seriam versados foi "fotografia". Longe da intenção de criar um texto a tendo como tema, recordei um texto de Kariny que eu travara contato anos antes. Nunca tive o hábito de tirar fotografias. Desde pequeno o texto sempre pareceu melhor aliado na eterna luta contra o possível esquecimento. Também não convém ser tão drástico. Ao menos até o início da adolescência não tinha senso crítico o que levou minha versão infantil ter centenas de fotos com discernimento quase-zero. Outros tempos, o filme fotográfico tornava os registros algo especial, fosse um filho dormindo ou um sorriso montado num burro magenta & mostarda. Enfim, na era das câmeras na mão a cada celular parece haver uma ânsia por capturar cada momento em lugar de vivenciá-lo, seja com museus, viagens ou amores. Não escapo totalmente disso, minha dileção é por fotografias com artistas, como se nesse contato se transmitisse algo essencial (...).
Quando mostrei a Kariny ela se mostrou surpresa nunca achei que um escrito meu fosse digno de uma música sua. Agrada poder sentir-se gregário pela música. Sair da própria mente aproveitando aquela coisa toda de Oswaldo Montenegro, conclusões que eu não chegaria. Desembocar no refrão de Caetano: Outras Palavras.
Quando mostrei a Kariny ela se mostrou surpresa nunca achei que um escrito meu fosse digno de uma música sua. Agrada poder sentir-se gregário pela música. Sair da própria mente aproveitando aquela coisa toda de Oswaldo Montenegro, conclusões que eu não chegaria. Desembocar no refrão de Caetano: Outras Palavras.
Fotografia (2013)
Fotografias
são mentiras
No
momento em que serão registradas
Só
se ouve o "Sorria!"
Falsa
fotografia!
Abrem-se os
dentes e mais nada.
Mas
mentiras
Porque
não estão lá.
E
iludem,
E
lembram
Porque
Foram
registradas.
Fotografia:
E velha, tão velha ficou nossa
Fotografia,
sorrisos gelados
Passado
que não mais temos
Não quero
ser fotografada.
Por
favor, não fotografem mais!
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