quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Once (Apenas uma vez)

"Musicais por sua natureza são irreais e surreais. Eles estiveram presentes no tempo do escapismo e nos sombrios anos entre as guerras. Eles eram coloridos e loucos então, mais tarde, as pessoas passaram a olhar para os musicais de uma maneira diferentes. Você precisa suspender sua descrença pois o realismo teve um efeito no cinema então você precisa assistir a esses filmes com uma pitada de sal – e cada vez mais com o passar dos anos. Once (Apenas uma vez) é um musical naturalista. Ninguém começa a cantar do nada e nem surgem orquestras do chão. Praticamente o que você vê é o que você vai ter." John Carney em entrevista para a Clash Music, 21/03/2008
Glen Hansard, John Carney e Markéta Irglová)

       Há algo que parece não mudar. A canção certa é capaz tanto de nos mover quanto de nos fazer parar. Você passa pela esquina certa e se depara com um baixista cantando Wonderwall antes de uma chuva repentina, ou um cantante num dia claro a cantar And the Healing has Begun de Van Morrison no meio de um centro comercial. Quando a canção surgir inesperada, subindo pelo case do instrumento na calçada e então se dispersar pelo microfone o som pode te parar e te tirar da pressa cotidiana por alguns instantes. Por exemplo, quando estou pelo centro da cidade de São Paulo me deparo com artistas de rua e fico me perguntando o que levou a cada um deles estar ali. O amor pela música? A vontade de criar algo nunca visto antes? A simples vontade de ser visto? A necessidade de não se sentir preso num universo engravatado? Hipóteses.
     A história do filme Once é simples: começa com um rapaz (Glen Hansard) tocando violão pelas ruas de Dublin. Ele trabalha meio período ajudando o pai com o conserto de aspiradores de pó. Em uma de suas performances uma moça (Markéta Irglová) que vende flores pela região começa a conversar com ele. Ela é imigrante do leste europeu e trabalha vendendo flores. Como só a ficção pode fazer ela tem um aspirador quebrado. Mais tarde descobrimos que ela toca piano nas horas vagas, por conta disso a conexão entre as personagens é estabelecida para além do óbvio interesse romântico, como tendemos a esperar.
       Once pode ser encarado como uma história sobre sentimentos e música, afinal, vamos descobrindo mais acerca dos inominados personagens aos poucos tanto nos momentos em que conversam como naqueles em que estão tocando e cantando juntos. E é aí que reside o charme do filme. Glen Hansard e Markéta Irglová além de atuarem compuseram as canções. O dueto em Falling Slowly inclusive ganhou o Oscar de melhor canção original no ano de 2008 – competindo com as canções dos filmes Encantada e O Som do Coração. Say it to me now é a primeira composição de Hansard a surgir no filme:



Say It To Me Now

I'm scratching at the surface now
And I'm trying hard to work it out
So much has gone misunderstood
This mystery only leads to doubt
And I didn't understand
When you reached out to take my hand
And if you have something to say
You'd better say it now

'Cause this is what you've waited for
Your chance to even up the score
And as these shadows fall on me now
I will somehow
'Cause I'm picking up a message lord
And I'm closer than I've ever been before
So if you have something to say
Say it to me now
Say it to me now
Say it to me now

3 comentários:

  1. Curiosamente, por mais que eu reveja o filme Once fico com a impressão de não saber como falar dele sem soar superficial. Há ótimas canções - de certa forma é como um vídeo musical para um ótimo álbum. Mesmo assim, há sempre algo por dizer, por que será?

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  2. Estou pra ver esse filme tem um tempo já. Mas o senhor gostou dele...estou levemente receosa..rsrs!

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    1. Srta Cunha! De fato temos nossos em nossos gostos uma série de incompatibilidades, mesmo assim, assista! O John Carney é um diretor com uma veia musical e tanto. s Begin Again e Sing Street não deixam mentir. Once é onde isso "começou". Glen e Markéta são ótimos compositores S2

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