sexta-feira, 14 de julho de 2017

Passeio Azul

"Às vezes, você perde vários poemas, porque sente uma frase, sente algo murmurando no seu espírito e não presta atenção porque está ocupado com os ruídos da vida. É necessário apurar o seu ouvido, ter a humildade de anotar a coisa mesmo quando ela não é muito boa. Pode, de repente, de um texto meio nebuloso, meio esquisito, meio simplório demais, dar raiz a um poema posteriormente interessante." - frase creditada a Affonso Romano de Sant'Anna (carece de fontes)
              

Passeio Azul (2013)

Num passeio azul
Encontrei as flores
Que inspiraram versos
E eu não escrevi.

Achei meio banal
E cheio de cores,
O meu mundo é bem mais gris.

Se desanimado
Nem a alma me resta,
Só quero uma dor
Pra chamar de minha.

Onde começa a poesia?
No começo ou no fim?
Onde muitos leem alegria
Principia-se a pena para mim
E quando o que me tem é a lembrança
É que vou me embora

Sorrindo, indo, indo, indo...

Wanaka, Nova Zelândia



         Quantas coisas acontecem num mesmo dia? Entra ano e sai ano me vejo as voltas com esse questionamento. Quase como quisesse estabelecer uma relação de causa e efeito, realizei anos atrás uma canção que era uma datação em Carbono-14. Quem sabe um dia ela apareça neste blog. "Passeio Azul" foi apenasmente montada por mim. Kariny, por duas vezes, se utilizou de sua veia poética e o resultado me chamou a atenção. É sempre bom poder olhar de fora os processos.
         Algumas vezes, não ter a preocupação com a letra permite foco maior na estrutura da melodia. Como nesse caso, a base provável pode ter partido do estudo dos riffs de Dave Matthews, passando por acordes de Lenine e encerrando num não-sei-quê-de Every me and Every You da Placebo. Ou sou capaz de enxergar isso apenas agora?! Seja como for, a tônica está aí. Nunca fui assíduo leitor de poemas então ter uma letra de uma fã confessa passou a pavimentar o caminho do que foram as canções de 2013. É uma das faixas que tenho a curiosidade em desenvolver um arranjo e uma gravação decentes um dia. Enquanto esse dia não vem tomo emprestado Glauber Rocha, e sigo com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. A qualidade do vídeo é intencional!


Fragmentos das conversas em que a letra surgiu.


As tablaturas como forma de recordar possibilidades musicais.

2 comentários:

  1. E nao e que o tal passeio azul existia...

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  2. Havia uma foto específica que me fez pensar isso, mas nos últimos dias enquanto planejava o post não a consegui achar. Ainda há versos que não escreves?

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