segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Mais 108 Minutos

" — Mesmo que você tenha escondido bem a memória, mesmo que a tenha mergulhado em um lugar bem profundo, você não pode apagar a história que causou tudo isso — disse Sara, fitando diretamente os olhos dele. — É bom você se lembrar disso. A história não pode ser apagada nem refeita. Isso equivale a matar a sua própria existência." - O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação, p.40, tradução por Eunice Suenaga.  Objetiva, 2014

    Há cinco anos, um mês e vinte e dois dias escrevi pela primeira vez acerca de 108 Minutos. Naquela ocasião foi o 18º post no blog e, por destino ou coincidência, saiu no décimo segundo aniversário da estreia da série Lost. Esse é um assunto recorrente e, em maio desse ano, tive uma perspectiva incisiva em relação ao motivo. Em maio deste ano, o crítico de cinema PH Santos falou sobre a Reunião do elenco de Friends ele comentou como enxergava como marco temporal seu lado crítico ter "nascido" após o fim da série.
     Não levou tanto tempo para que eu conhecesse o trabalho do crítico. Pessoalmente? foi Lost meu divisor de águas. Sempre tive interesse em saber como a arte era produzida, quem escrevia, quem eram os atores, compositores. Mas essa foi a série em que tudo isso extrapolou: não adiantava apenas saber que Damon Lindelof e Carlton Cuse eram showrunners, era preciso saber em que instância J.J. Abrams, um dos criadores do conceito, tinha relação com o que era exibido (ele se afastou ao fim da primeira temporada devido ao envolvimento com Missão Impossível 3 e co-escreveu o episódio de abertura da terceira temporada A Tale of Two Cities - minha composição Canto de Duas Cidades deve seu nome à obra de Dickens, mas apenas por Lost tê-la me apresentado, mas divago). Também queria saber qual era a razão de Jeffrey Lieber ser creditado como co-criador. Quem era o compositor Michael Giacchino? com quais outras produções o elenco esteve envolvido. Se um episódio era ruim, do que se tratava? Expectativas? Ou poderia ter relação com quem escreveu o roteiro? O que torna Jack Bender um dos grandes diretores por trás de episódios? Claro, muitas destas questões tem respostas diversas, ramificações da célula rainha e o componente coletivo as torna ainda mais difusas, mas com a série reconheci este elemento questionador, e, disso, não é possível me livrar, mesmo que eu quisesse. É o tipo de obsessão que faz com que eu esteja, atualmente, mergulhado em ramificações da obra Duna, de Frank Herbert, enfim.

     Para além da obsessão, há o componente coletivo: se existe um clipe para 108 Minutos, é apenas por uma série de pessoas, desde os envolvidos com a série, passando pelo projeto escolar, os alunos, a banda Falsa Modéstia, para dizer o mínimo. Mesmo hoje, em que descrevo o trabalho como fruto da organização artística Falsa Modéstia, o faço por ter apreciado esta forma de descrição quando do lançamento e promoção do álbum da Fresno: sua alegria foi cancelada. Faz mais sentido, ainda que um bando de pessoas tenham se reunido com o propósito de fazer música, as pessoas que se reuniram foram mais que uma banda. A arte da multiartista Isabella Proença, por exemplo, traz as personagens de Clancy Brown e Henry Ian Cusick aos moldes do fim da segunda temporada de Lost, emulando a capa da segunda temporada de Breaking Bad, outra série da qual gosto muito, e que já foi referenciada na letra de Se ela não amanhecer. Pude imaginar a ilustração, mas a perspectiva da artista e suas próprias referências foram essenciais para a obra. Do mesmo modo que, ainda eu tivesse Desmond David Hume em mente quando ouvi de bob o pitch, apenas a atriz Barbara Barduchi sabe o que tinha em mente enquanto corria desesperada pelas areias (Duna?) seguindo suas intuições e os próprios referenciais artísticos e ideológicos. Isso tem um peso que eu não sei mensurar.


    O próprio Ivan, co-compositor comentou nunca ter imagino que algo que ele fez tornar-se ia um videoclipe. Ainda que eu esteja envolvido de forma amadora com composições há quatorze anos. Eu também não tinha.


Créditos do clipe:

Compositores: Thales Salgado e Ivan Carolino
Produção musical e arranjo: Luan Magustero
Bateria: Pedro Santos
Guitarra e piano: Luan Magustero
Voz: Thales Salgado
Baixo e violão: bob
Direção e roteiro: bob e Barbara Barduchi
Ilustração no thumbnail: Isabella Proença

Composta na cidade de Arujá em 2007 por Thales Salgado e Ivan Carolino para uma atividade da profª Marize Manopeli.

Filmado em 2021 nos Lençóis Maranhenses (Barreirinhas - MA) e com o áudio gravado no mesmo ano em diversos locais do estado de São Paulo, seguindo os protocolos de segurança. Gravado e mixado individualmente. A organização artística Falsa Modéstia estava dispersa, virtualmente unida, todavia. #aliloke

Livremente inspirada na série da ABC: Lost. Criada por Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof. Pertencente à Walt Disney Television e disponível em streaming no Star+ e na Amazon Prime Video.

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