quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Noites Esfrias

"O futuro era argila, para ser moldada dia a dia, mas o passado era um rochedo, imutável."  Sidney Sheldon, O Reverso da Medalha





Noites Esfrias (2009)
Composição de Fábio Kulakauskas

É uma pena ter que dormir
Principalmente naquelas noites lindas
Há tantas estrelas para contar
Para que desligar a mente
E acordar na rotina?

São os dias quentes
De noites frias

E quando o sol do meio dia
Lançar seus raios perpendicular
À superfície da Terra
Onde estará a noite fria?
Onde estará a noite mais linda?

É assim o tempo todo
É assim que a Terra gira
São os dias quentes
De noites frias


         Ainda que Augusto Cury afirme que a capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das funções mais importantes da inteligência, por vezes, leio um poema ou letra de música e tento encontrar em mim o estado de espírito passado por outrem no momento de manipular as palavras artística e estilisticamente. Nem sempre sou capaz de fazê-lo. Como já mencionei antes no blog, já me impus a atividade de completar composições de pessoas próximas. Isso aconteceu, por exemplo, em Uma Nova Viagem e Mar de Mim. Ambas composições que partiram do imaginário de Fabio KulakauskasNo caso de Noites Esfrias, minha única contribuição foi o nome. Uma brincadeira com a sonoridade dos versos. O período da faculdade era prolífico nisso. Via um recurso estilístico em aula, em seguida tentava replicar. Daí vieram os neologismos Solipátria e Apacresce, por exemplo.
       Lembro de Fábio em sua garagem mostrando sua canção num ensaio. O verso falando do sol do meio-dia lançando seus raios perpendicular à superfície da Terra me chamou atenção. Há palavras com as quais não estamos habituados a atribuir ritmo e musicalidade. Essa construção me é cara até hoje. A letra remete a uma série de imagens bucólicas, mas, com estilo. De que noite ele se refere? Me imagino a contar estrelas sem instrumentação apropriada, com os telescópios guardados brinco de criar constelações e me perdendo em pareidolias... Ora direis ouvir estrelas! e sem perder o senso. Se em minhas canções até luas choravam tristes num dia claro, quão revigorante era encontrar uma letra em que se personifica "a noite" e se tenta traçar seu paradeiro quando o sol se espalha. Canções cálidas. Há alguns meses realizei esse registro da canção com a craviola de doze cordas. Diria Anitelli: difícil é ser tão simples.

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