sexta-feira, 25 de junho de 2021

Sem um nome

A segurança é sobretudo uma superstição. Ela não existe na natureza, nem os filhos dos homens a experienciam como um todo. Evitar o perigo não é mais seguro, a longo prazo, que se expor abertamente. A vida é uma aventura ousada ou então não é nada. - Hellen Keller
Distorção baseada na Grande Onda de Kanagawa
(de Katsushika Hokusai) -

 

     Há cinco anos atrás, em uma noite de sábado, me decidi por postar no blog pela primeira vez. Imagino tenha sido uma data arbitrária. Uma rápida pesquisa na Wikipedia não me informa. Tivesse sido forma de homenagear Michael Jackson, eu teria postado Para o Adeus. Afinal, já estava pronta. Por outro lado, eu poderia simplesmente estar desenvolvendo um texto sobre o recém lançado álbum de Zeca Baleiro Era Domingo e, por seu título, acreditasse que devesse ser postado no dia seguinte. Seja como for, o blog nasceu e a ideia de comemorar esta data nunca fez muito sentido. As lembranças do Facebook me mostraram um post feito em 2018 em que eu comemorava os, então, dois anos do blog. Foi muito difícil colocar hashtags como "gratidão" ou "obrigado", afinal, para quem eu estava agradecendo que não a eu mesmo? Hoje, sigo sem saber a resposta. Quando comecei, não esperava ainda estar aqui.

Sem um nome (2010)
Letra e Música: Thales Salgado

Pode a poesia, do nada
Atracar nas aguas frias
Da mente do mar
Mar que me confunde
Em conceitos iguais
E me faz tergiversar

Anti-taciturnamente
Em rimas proletariadas
Lembro você obliterando o nada

Você
Minha filosofia
Que afasta a fobia
Óh! Luz que cala o dia

Você
Je ne sais pas mais
Viver sem tua companhia

     Procurei por meus moleskines e e-mails algum registro do momento em que escrevi esta composição, ou alguém que a tenha ouvido pela primeira vez, sem sucesso. Lembro-me de me atrasar para um compromisso enquanto a gravava mas... só. Foi a primeira vez em que me rendi à preguiça de intitular a composição. O título, diversas vezes, me parece mais complicado. Ele pode ou não dar uma noção do que os versos dirão ou pode até mesmo ser um deles. Nesta, não. Não ter um nome pode significar qualquer coisa. Minha intenção inicial era até que este texto falasse acerca de alguma forma de luto simbólico. O eu-lírico da letra diz "je ne sais pas" viver sem a companhia de um destinatário da mensagem mas... e se essa escolha não for dele? Se esse não saber apenas pressupor a necessidade de aprender? Ter uma outra pessoa como "filosofia" é muito perigoso. Além de ser uma responsabilidade muito grande para colocar em outro ser humano. O "amor" provavelmente não tem a ver com isso, ele não aparece na letra, mas é cantado. Uma tentativa de tornar a canção uma melodia tolamente alegre. Uma tentativa falha, mas ainda assim, uma tentativa.

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