quarta-feira, 1 de setembro de 2021

A segunda dose da Vacina

"É uma máxima universalmente admitida na geometria, e de fato em cada um dos ramos do conhecimento que, no processo de investigação, nós devemos proceder dos fatos conhecidos para o desconhecido. ... Desta maneira, de uma série de sensações, observações e análises, um sucessivo trem de ideias surge, tão conectadas, que um observador atento poderia rastrear de volta a um certo ponto a ordem e conexão de toda a soma do conhecimento humano." Elements of Chemistry, pp. xv-xvi., 1790, Antoine-Laurent de Lavoisier (tradução livre)

A Vacina planejando o pós show, salvo melhor juízo, em 28/08/2010

Você pode reviver outros momentos da banda aqui

   Há alguns meses, escrevi acerca de uma de minhas composições chamada Vacina. Embora possa parecer um nome incomum para uma canção que não versa sobre a saúde pública, ela fora encomendada por bob em 2013 para celebrar um de seus projetos musicais. Naquele momento eu ainda não havia sequer tomado a primeira dose da vacina então era um espaço mental de muita especulação e expectativa, de modo que acabei não discorrendo acerca de outros pormenores que envolviam àquela composição. Um deles era a breve história daquela banda que eu tinha a intenção de registar por aqui:
"Depois de várias tentativas, com outros personagens e outros nomes, nasceu a Banda Vacina. No entanto, apesar das variações ao longo do tempo, sempre existiu uma base representada pelos integrantes Fábio Kulakauskas e Bruno Oliveira, vulgo Bob. A última versão antes da atual formação foi a chamada banda “2 na Base”, apresentando uma duração “relâmpago” em meados de 2008. Sua constituição era a seguinte: Bruno Cortês na bateria, Fábio Kulakauskas na guitarra e voz e Bruno Oliveira no baixo.
Após essa experiência, que durou apenas alguns poucos eventos, foi criada a banda Vacina, tendo como integrantes: Cláudio França na guitarra, Bob no baixo, Fábio na voz e violão e mais um baterista. Pode-se dizer que dois bateristas (Clever e Saulo) foram “Vacinados” até chegar ao baterista atual: Lincoln, que também atua como backing vocal. Desta forma, os “Vacinados efetivos” são: Bob, Fábio, Cláudio e Lincoln."
    Tanto a banda Falsa Modéstia quanto eu estamos contidos naquele primeira frase "outros personagens e outros nomes". Ou muito me engano, mas me recordo de uma conversa com bob no Windows Live Messenger, em que ele mencionava como se deu a impossibilidade de fazer a menção nominal. O que faz todo o sentido: a Vacina sempre foi uma banda que acompanhei como público. Uma vigilância ativa da agenda da banda? Sim. Mas uma conduta expectante no sentido de que eu não fazia parte das discussões de repertório, não sabia o horário ou se os rapazes haviam ensaiado. A responsabilidade era apenas a de estar no local e hora certos. Se eu tivesse sorte, teria a companhia d'A Menina em Sépia. O que mais eu poderia querer?
     Afinal, há muita diferença entre a troca de um elemento humano em um conjunto. Um dia desses num desses encontros casuais estava ouvindo a enxuta discografia da Audioslave. Três álbuns, dos quais, apesar do sucesso do primeiro, prefiro os dois últimos, pensemos então como fosse um triângulo isósceles: o primeiro, com pérolas como Like a Stone e Show me How to Live é a base e os sucessores são os lados congruentes. Ainda que conte com quatro álbuns de estúdio e 3/4 do Audioslave a Rage Against the Machine é uma criatura completamente diferente. A visão política revolucionária de Zack de la Rocha é diametralmente oposta à potência melódica existencialista de Chris Cornell. Assim também era com diversas bandas em Arujá (ou qualquer lugar, essa parece uma constante no livro de Guga Magfra Como Ser um Rockstar) um elemento poderia alterar completamente a dinâmica de um grupo.
     Ainda assim, enquanto acompanhava enquanto fã, me perguntava como o nome da banda poderia ser empregado em uma canção. Foi assim que nasceu a "Vacina" original, com uma melodia que tentava emular Djavan e uma letra com referencias que iam de Saint Seiya à Interpretação de Sonhos de Freud passando pelos sacos de pão francês. Ela nasceu primeiro e, por muitos anos, ponderei se o post contaria a história das duas, o que não aconteceu. Assim, anacronicamente, surgiu a segunda dose:

Vacina (2011)

Letra e música: Thales Salgado


Acaso haja as escadas mar de rosas

Eu te carrego sem que precise pedir

Vou com teus olhos em prosa silenciosa

Se sirvo bem é para pra sempre te servir


Tudo na vida é sem medida

Tu andavas tão distraída

Não via nascer feridas

Nem as brasas que passou

Agora isso não importa

Vem, fecha atrás a porta.

Que a ânfora de anseios se quebrou


De tua vacina sou conhecedor

Sei do remédio que afasta-nos do tédio

Deste insuspirado amor

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