quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Exaustão e Veneno


"Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?"
Esquadros, Adriana Calcanhotto




         

Exaustão e veneno (2011)

Angústia é grito a não querer sair
Suspiro calado esgotando o ar que não há
Além dos muros do rei: aurora em passagem
Anseio a paisagem e a vejo afastar

Um veneno me queima a garganta
É a exaustão a querer consumir
Eu quero fugir mas não sei sair de mim
Sozinho eu morro. Não me impeço, eu só corro.

Eu gritei que o lobo chegou por demais
(Por vezes demais)
Isso não se faz



         De acordo com alguns e-mails, redescubro a data de concepção de Exaustão e Veneno: segunda-feira, dezenove de setembro de dois mil e onze. Como uma série de outras composições desconheço o gatilho motivador. Ela falou "suas músicas são sempre tão tristes", até quando o seriam? Algumas ideias realizaram a transição de um sms outras surgiram de fábulas, se por um lado estava consciente de afirmar um complexo de raposa. Por outro havia a anunciação do garoto-pastor de um fim que nunca chegou. Se um dia se abreviar, quem vai ouvir?
        

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Vita Brevis

"Deve ter sido por esse tempo que começaste a procurar uma verdade que pudesse salvar a tua alma de tudo o que perece." Jostein Gaarder, Vita Brevis
   
 

       Quando leu Vita Brevis no final de 2013, coincidentemente, um período repleto de composições, a busca contínua de propósito. Mal sabia que o período que se seguiria seria apenas de silêncios. Vez ou outra nascia uma vinheta, pouco elaborada e que, por si só, não apontava caminho nenhum. Talvez a frase atribuída a Borges fosse seu cais muitas coisas tenho lido, poucas vivido. Nesse sentido, a inexistência de composições em três anos pudesse apresentar um vislumbre de salvação: a obsessão cessara no momento em que mais viveu? Ninguém, nem ele mesmo possuía essa resposta.
         O dia em que os primeiros versos surgiram foram após perder o aparelho celular. Se perguntou a razão de não ter feito o backup das fotografias, notas e conversas. Sim, anos antes ele cantara "fotografias são mentiras", mas algumas vezes, por mais não fosse afeito, valiam a pena pelo registro. Poderiam conservar ao menos o momento do clique. Sem a memória do cartão nada disso seria possível, talvez, essa impossibilidade tenha motivado o inconsciente a desenhar uma ponte diferente para ternas memórias de viagem. Também não fazia muito tempo o livro de Umberto Eco ressurgira em seu cotidiano, usar "memória animal" provavelmente tenha partido de alguma reflexão d'A memória Vegetal.
        No mês seguinte se deparou com um texto da Superinteressante falando de como havia uma rede de lembranças compartilhadas, trocamos memórias entre amigos como um quebra-cabeças. Sabia que usar termos como "guardiões" podiam soar tolo ou didático, não seria a primeira vez. Mas coube na melodia que tinha na cabeça, então, qual seria a vantagem de fugir dessas escolhas? Foi apenas no mês de dezembro que conseguiu concluir o óbvio: ele era apenas uma máquina de recordações tentando escapar, em vão, da Indesejada das gentes.



Vita Brevis (2016)

A nossa foto não revelada
Esmaecida, quase um borrão
Nossa memória animal é falha
Mas recorrendo à tradição

Vou escrever ou desenhar
Faço o que for para guardar
Tudo dessa nossa vita brevis

Nessa existência compartilhada
Nossos amigos são guardiões
Somente o tempo da mente é nosso
A nossa vida é invenção

Vão se as tardes
Vem manhãs
Mal se nota
Temos cãs
É só a morte
A se descortinar



quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Barbara & Bruno


"Eu passei muito tempo pensando no que dizer nesse momento, fiquei muitas noites tentando rascunhar as próximas palavras, mas percebi que, tudo o que está acontecendo aqui hoje, foi fruto que algo não programado, não previsto, não arquitetado.Conheci a Barbara, “como Barbara”, do nada e no segundo seguinte eu estava apaixonado. Pois bem, sem programar, sem arquitetar e sem prever, tentarei ser tão feliz agora no que vou dizer, quanto fui no momento em que a conheci. Em que conheci a minha pequena.
Certo! Não vou ler o que escrevi. Vou dizer de improviso as palavras do meu coração. Seguindo meu improviso, queria dizer que...

Brincadeira.

Acontece que ocorreu algo tão especial comigo, que não posso mais viver no improviso. Desde que a conheci, tenho tentado ser como tantos outros homens que me foram exemplos na vida. Exemplos de maridos e exemplos de pai e tentando ser homem como algumas mulheres, que também foram ótimos exemplos de pai e mãe ao mesmo tempo.

Por isso, hoje mais cedo, renasci. Rasgaram minha certidão de nascimento e me deram outra. Agora tenho um novo nome. Agora sou da Barbara, tal qual ela é minha. Me chamo agora Bruno Barduchi Oliveira da Silva e ela se chama
Barbara Barduchi Oliveira da Silva. Hoje, amanhã e sempre, eu quero pensar no que vou dizer, no que fazer, no próximo passo, quero merecer a pessoa mais especial na minha vida. Quero merecer você Barbara.
Você é a pessoa mais especial na minha vida. É a pessoa que estará presente em todos os momentos da minha vida. A pessoa com quem vou brigar por tudo.

Você é a pessoa por quem terei ciúmes por tudo.

Mas também será a pessoa que vai estar nos melhores momentos da minha vida. A pessoa que eu sempre vou amar até que se acabe a vida de um de nós.


E além. - Porque é claro que se ela morrer antes eu ainda a amarei! Esse é o conto de fadas contemporâneo, o príncipe rabugento que se esforça pra fazer a princesa feliz. O príncipe com cara de mendigo e a barba por fazer, que se esforça para manter a aparência menos pior. E é por isso que eu vim aqui hoje dar uma casada, de boas. Vim aqui te dizer, na frente das pessoas mais importantes da minha vida, e na frente das pessoas mais importantes na sua vida, DIZER QUE TE AMO.
Trouxe esses seres humanozinhos aqui, para que eles sejam testemunhas, de que eu disse o seguinte: “Vou ficar com você até que a morte nos separe, pois eu te amo e vou fazer 8 filhos em você.” - Está certo, quanto a quantidade, depois chegamos num denominador comum.

Obrigado por me ouvirem, obrigado por estarem aqui." - Bruno Barduchi Oliveira da Silva, 3 de dezembro de 2016.
         Quando Estela e eu chegamos ao Cantinho da Cozinha Mineira nos deparamos com Fabio Kulakauskas e Zé Roberto ensaiando para a apresentação que se seguiria em breve. Seríamos só nós a brincar num "Qual é a música?" Silencioso nas primeiras notas de cada canção? Poderia ser. N'algum momento surgiram os noivos trajados de elegantes sorrisos e branco. Até então, eu só conhecia por meio de uma composição que Bruno me mostrara meses antes. Além, é claro, do Facebook. Então você tem a personificação de uma ideia. Um, feito de dois. Longe de quebrar a individualidade de cada um, mas a espontaneidade fazia parecer que a qualquer momento um começaria a completar a frase do outro. Risos de amor, risos de nervoso, rios de amor e maravilhamento mútuo. 
No meio de tudo isso o pedido de Fabio para que eu monte um repertório. Os músicos já sabem o que farão, eu não. Num sulfite verde azulado me prontifico registrar por alto as atmosferas. Alheio à movimentação da entrada dos convidados escrevi:

"Possível repertório desaparecido.

A verdade é que as canções provavelmente tem vida própria. Uma vida entre cada uma das seis cordas do violão e entre as inomináveis cordas vocais. Numerá-las nem sempre é necessário, elas estão por aí esperando ser imaginadas. Quem ouve sabe ser a esperada, ou a que se queria. Sejam músicas de uma banda com apenas uma, sem projeção ou que embalou amores em novelas globais, estas sempre as mais lembradas. Diria Gessinger: A vida imita o vídeo.
Pessoas se reúnem em ensolarada manhã para uma celebração silenciosa, afinal, você nunca saberá quais os caminhos uniram cada um ali. Amigos, irmãos, companheiros de trabalho. Os pais, tios. O ruivo resumo: família, família. Todos embalados na mesma balada que é a de cantar um amor, sempre novo amor. 
Haverá também canções falando da vida, em suma. Compostas por todos os artistas que nos precederam nesse ofício artístico singularmente plural que é entoar sentidos e sentimentos.
A aleatoriedade do repertório tem o sabor da vida em sua falta de controle cotidiana. Por esse prisma, reitero, numerá-las é amordaçar a fluidez do dia. Haverão sim, pedidos. Cada um a buscar nos sons os ecos das trilhas transitadas antes da reunião. Nos livros, cada encontro precisa ser capaz de transformar as personagens de maneira brutal. Como estão a fazer os protagonistas desse dia. O um mais um já não é dois, é um novo ser! Sendo assim, de que importa a ordem das canções?"

         Mais tarde, no momento mais esperado do ritual, Fabio dedilhava Paciência, de Lenine, enquanto Barbara declarava seus votos. de como eram dois perdidos e encontraram o sentido um no outro. As dúvidas se partiram e as dores foram minimizadas. Quatro letras conservam miríade de significados. Os grãos de amor da perfeita simetria, a força mútua. Os versos de todas as canções não se igualariam a um sentimento que prosseguiria além do fim do mundo.
"Costumo dizer que você trouxe cores, sabores, essências. Pois tudo ficou melhor, com você veio o sentido que procuramos incessantemente, porém, não imaginava que o sentido de tudo era o amor. O nosso amor. Você e eu é tão certo quanto o calor do fogo.E o tempo? Temos todo o tempo do mundo, o tempo para nós não existe não importa se são dias semanas meses anos décadas séculos milênios que vão passar o que conta é a nossa intensidade, a vontade de sermos um do outro, porque você está nas coisas tão mais lindas. Cá estamos nós, com exatos onze meses e quatorze dias, casados! Com a arte do seu jeito tudo faz sentido. Como diz Frejat, eu vou tratá-lo bem para que ele não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos e amor tudo o que ofereço é meu calor meu endereço a vida do teu filho desde o fim até o começo. Amor meu grande amor te amarei de janeiro a janeiro até o mundo acabar." - Barbara Barduchi Oliveira da Silva, 3 de dezembro de 2016
          Num delicado intertexto com os votos Barbara empunhou o violão para cantar As Coisas tão mais lindas de Cassia Reis e Nando Eller, . O discurso de Bruno surgiu ao melhor estilo Bob, mesclando emoção e bom humor. Após os votos do casal emprestei o violão para tocar duas canções, algo que não fazia publicamente há anos. Receoso de macular o momento segui com Piano Bar e De Fé, esta última com mensagem clara do esposo para a esposa: Quando eu mais preciso eu só tenho você. Ainda houve espaço para Fabio dividir os vocais com sua amada Hellaine em Janta e De Janeiro a Janeiro. Sem soar irônico uma canção folk versando sobre um fim de relacionamento ser performada por um enamorado casal. O sol acalentava o sábado de encontros e reencontros contribuindo para a beleza da união de Barbara e Bruno. 


***

Doze dias depois, recordo a primeira vez que vi o Bruno cantando essa composição, acho que era julho; Sempre penso que o último verso será "mas é" contrapondo a estupefação a permear os versos. É interessante perceber as formas de cada um compor. Ali estava o sentimento sincero versado, sem dúvidas, o nome de Barbara claramente, quase um vislumbre do que já era e seria. Realizei essa gravação rudimentar como um simples registro, sou a máquina de recordações. Se a qualidade do som compromete, os versos conservam verdade e não poderia surgir n'outro texto. Em épocas de retrospectivas uma canção nova. Para não perder o hábito de uma citação, no livro Para Ler e Guardar de Hermann Hesse ele diz que quanto menos confia em nosso tempo, quanto mais vê a humanidade estiolar-se e perder-se; tanto menos se propõe a revoltar-se contra a sua ruína e tanto mais acredita na magia do amor. Concordo com ele.


         


Como Pode ser Verdade (2016)

Meu espelho nunca foi tão fiel
Nenhum vidro nunca viu tanto em mim
Como vê seu olhar, como diz seu olhar
Quero ser na sua vida o meio
Um porto para tempestade
Se alinhar no meu peito
Dominar a paisagem
É pequena na fachada
Gigante no jeito
Estratégia pra fazer me sentir maior
Todo o tempo a seu lado
É pouco, atrasado
O relógio não trabalha
Sem vontade, má vontade

Como pode ser verdade?
Ela não pode ser verdade!
Desafia ciência e religião
Duvidar da realidade
Ela se acha no meu peito
O seu lugar pra descansar
Um anjo sem acreditar que pode voar
Barbara!
Início da família, começo da história
Todos os filhos num sorriso
Começo e fim da trajetória
Na minha vida até o fim
Finais de fadas cantarão
Mesmo sem força pra andar
A minha mão vai segurar

Como pode ser verdade?
Ela não pode ser verdade!      
         

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Da Invisibilidade

"- Tire essa camisa!

O imperativo o pegou desprevenido, o tom sobre tom resultara de horas daquela manhã. Provara as peças esquecidas até pelo armário e ali, a primeira vista fora derrubado. Restava manter a compostura; atravessei a passarela, conta? Rostos beijados, impessoal, considerando o terno abraço 8,85 semanas antes, quando o encontro fora surpresa. Ela comentou sua maquiagem eram as asas de Ícaro, mesmo com seus pés no chão.
Não tomavam água, apesar do calor, recusar bebidas seria uma constante aquele dia. A mãe dela os guiaria ao ponto de encontro. Ele se deteve diante do jardim de azaléas e cactos. Estava tentando se decidir se preferia o Opuntia microdasys ou o Mammillaria elongata quando ouviu a frase "eu estou gata?". Instantes depois, recebeu o comentário da mãe e então, ela está gata? quem sou eu para dizer? 
Teve ganas de dizer que era uma questão de ser e não de estar e que por vezes poderia venerá-la como faziam os egípcios aos felinos na antiguidade. Teve ganas. Qualquer coisa que dissesse agora poderia ser mal-interpretada, ela não precisava da validação masculina, ninguém tinha dúvidas disso, mesmo assim a pergunta não ter sido dirigida a ele o fez se sentir invisível."

            Muitas vezes dizem soar estranho quando me detenho a falar com estranhos na rua. Sou abordado e decido seguir com a conversa. Esse ponto é importante, via de regra não sou eu a procurar essas interações. Acolho-as como sinais de um Destino o qual já fui mais convicto, afinal, se forem apenas coincidências tudo adquire um ar banal e desinteressante, divago.
         Meses atrás estava no Sesc Pompéia aguardando para ver o show da pernambucana Flaira Ferro. Próximo aos guichês de ingressos vejo uma serie de cartões virados de cabeça para baixo, como um grande jogo da memória. Um rapaz me pediu que virasse um dos cartões, ele explica que o mastim tibetano é um dos cães mais caros do mundo, com uma aura sagrada no oriente. Nunca imaginaria. Ele me incentiva a virar outra, em que encontro um chaveiro dourado da Louis Vitton. O preço também estava numa quantia inacessível. Percebi onde o jovem professor queria chegar com aquele jogo quando a foto seguinte representava negros num aterro. Eram os contrastes hediondos e a atribuição de valores.
        Despido da impressão de que havia algo a ganhar naquele jogo decidi descobrir todas as fotos. Até chegar a uma de autoria de Tuca Vieira e era a síntese da desigualdade, a famosa foto da favela de Paraisópolis. O professor conta que em suas aulas utiliza a foto para instigar o questionamento aos alunos, muitos deles supondo se tratar de Photoshop - não era, o próprio autor da foto na revista ZUM de dezembro de 2012 comenta como a foto foi pensada e não fruto de acaso. Há uma fuga interna contra a aceitação da realidade, e enfim, a conversa foi interrompida pelo fim do expediente do rapaz. 
        Como a hora do espetáculo não chegasse decidi passar o tempo na Livraria Cultura do Shopping Bourbon. Na calçada fui abordado por uma família de moradores de rua. Eu não tinha visto as carroças improvisadas ao chegar. Me agradeceram pelo simples fato de eu parar para ouvi-los, pouco depois, pediram um trocado. Tirei uma nota de dez reais do bolso e entreguei. Conheço os discursos para promover cidadania, enfim agi ao perceber. Me contaram ter vindo andando de Santos em três dias. O patriarca tinha hérnia de disco, tem casa, mas sua família não aceita a esposa que ele conheceu nas ruas. Passaram a cantar louvores e eu por ali fiquei. O patriarca afirmava seu maior sonho era um dia poder pregar para muitas pessoas numa igreja e quando isso ocorresse Jesus poderia levá-lo. Partilharam aguardente numa garrafa trazida por uma senhora idosa e foram sinceros: se bebiam era para espantar o frio e não por ceder a algum vício. Soava nada como as discussões distanciadas que eu tivera minutos antes. O cenário da calçada era este: a família escorada no muro, eu em frente a eles, uma árvore às margens da rua. Ninguém me pedia licença, como fizesse parte de minha obrigação ceder. Talvez não me vissem, estava eu invisível e não havia ares de suspense com o Homem sem sombra nem a magia de uma relíquia da morte. A invisibilidade não me trazia benefícios, mas eu sairia dali. Logo aquelas pessoas se tornariam vozes avulsas de novo. Quando tinha dezessete anos escrevi na letra da canção Falsa Modéstia Quem é que vai se acostumar com os lamurios, com os lamentos daqueles que não tem casa? Menos ingenuidade seria perguntar quem não se acostumou.
        Já esses dias, no meio do caminho o motorista do ônibus deu carona a um homem de olhos injetados. Seus movimentos erráticos davam a impressão de estar sob efeito de algum agente tóxico. Se aproximou de mim, e eventualmente, puxou assunto perguntando de que tratava o livro do tal Cortázar que eu tinha em mãos. Depois, assumiu um ar amistoso e se propôs a contar uma história de sua vida. Falou da educação do namorado da filha, falou como sofria ao ter vacilado com a mulher que amava e de como sabia não ter volta. Ela não gostava dos efeitos que o álcool tinha nele e isso levou a uma escalada de desentendimentos. Chorava como se conversasse com um amigo que não tinha. Nas vezes em que buscou qualquer palavra dos outros passageiros foi ignorado, por mais gentil fosse o tom da interação. Estes mesmos passageiros deixaram de me dirigir o olhar de censura em alguns minutos, como eu tivesse esmaecido. Pode ser eu só mantivesse a conversa por medo de que a qualquer momento o homem se aproveitasse de minha distração para tomar o que lhe não pertencia e saltar do ônibus antes do fim da desaceleração - o que não aconteceu. Caso acontecesse, aposto ninguém perceberia, também não o enxergavam mais.