sexta-feira, 11 de maio de 2018

Hey Menina

"Para uma pessoa com alguma imaginação o passado está em constante mudança. Você acha que o presente nasce do passado, mas é o contrário. O presente cria o passado. Uma pessoa com imaginação não fica presa ao passado e muito menos a fronteiras." José Eduardo Agualusa - A Sociedade dos Sonhadores Involuntários

Seu instrumento, seu território.


Hey Menina (2009)
Letra e Música: Fábio Kulakauskas

Hei menina!
Passa devagar
Pra eu contemplar
Teus passos

Aqueles passos
Que me fazem
Viver o passado.

Alguns passos,
Alguns passam.
Mas, você não ficou
Só no passado.

Hei guria!
Ah! Eu lembro
Do teu caminhar,
Leve feito pena.

Más não há “penas”,
Pois, sobre mim
Tu irás passar
E alcançar...

O teu futuro.
Pois, é esse
O destino
De nós dois.


         Foram-se os dias após o natalício e a canção não vinha à tona. No dia dez, enquanto conversava com Kariny ela comentou acerca do contraste entre minha versão (suave, breathy, raspy) e a gravação original (forward placement) de Fabio, com direito à um arranjo de violão clássico digno de Pachelbel.
         Assim como Desejo de um Rio, minha versão da música é pautada nos arranjos de Bill Callahan em seu álbum Sometimes I Wish We Were An Eagle. A delicadeza da execução das cordas desse álbum tornaram-se um norte. Você precisaria ouvir apenas Jim Cain para perceber a maneira como a voz de Bill percore os acordes como quem não se preocupa com o tempo. Por vezes me pego a pensar em quanto os arranjos poderiam ser modificados ou não. Esse pensar também esteve presente numa outra canção de Fabio de que falei: Noites Esfrias em que o foco foi na utilização da craviola de doze cordas.
      Esses contrastes não são forçados. Podendo analisar muito tempo após tudo ter ocorrido fica a noção das abordagens composicionais distintas e, por mais soe repetitivo, é um fator que agrega quando se pensa na Falsa Modéstia como a entidade coletiva de outrora. Algumas de minhas composições poderiam trazer os 'passos' como foco, e, ainda assim, seriam outros passos. Como um de meus rascunhos perdidos em tudo o que não foi e que dizia lá perto do ribeiro onde segui seus passos. A letra de Fabio é concisa e ao mesmo tempo evocativa e esse é um ótimo ponto. Não é preciso discutir acerca. Apenas sentir.

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