domingo, 20 de maio de 2018

Nos Olhos do Tempo

A MIRAGEM NO CAMINHO
Perdeu-se em nada,
caminhou sozinho,
a perseguir um grande sonho louco,
(E a felicidade
era aquele pouco
que desprezou ao longo do caminho).
Helena Kolody

Foto cedida do acervo de Kariny Camargo


Nos olhos do tempo (2011)
Letra e música: Thales Salgado

Olhou para trás e não se tornou
A estátua de sal que desejou
E ao deitar o que sonhou
O fez raiar, o exasperou

Viu um jardim de nuvens
E cisnes de papel
Esculpida em lava
Uma alada cascavel
Fênix de neblina
O caos da criação
Deparou-se com o tempo
Vindo em sua direção

Viu sua vida nos olhos do tempo
Num arrebol com poeira de estrelas
Viu tantos astros, tantos elementos
Unindo-se a seiva de luzes e trevas
Não se lembrava de nada quando acordou

         "De todos os mistérios da noite, os que mais me espantam são os vaga-lumes e os sonhos" essa frase do filme Fica comigo esta noite permanece desde a primeira vez em que assisti ao filme num longínquo 2006. As frases de posts anteriores tendo sido d'A Sociedade dos Sonhadores Involuntários de José Eduardo Agualusa me deram a impressão de que voltaria a trazê-lo aqui. Os sonhos sempre foram um tema de interesse. Dias atras, mesmo, sonhei em encontrar refúgio numa espécie de seminário ou mosteiro. Pouco recordo dos pormenores mas, enquanto eu sonhava, parecia tudo palpável e concreto. Como se o mero fato de despertar fosse uma afronta ao encontro propiciado pelo idílico. Melhor seria esquecer?
          As canções de Nada Há de Novo Sob o Sol traziam menções ao Eclesiastes. Nos Olhos do Tempo traz menção óbvia à esposa de Ló, numa das passagens que mais me assustavam na infância. Lembro de 2011 ser o ano do lançamento do álbum Chão de Lenine com sua circularidade concreta inconvencional, no entanto, não consigo me atinar a que me levou a escrever essa letra numa tentativa simbolista. "arrebol" é uma palavra que retirei do cancioneiro de Djavan, assim como a Fênix é uma forma delicada de inserir Ikki, uma de meus cavaleiros de bronze favoritos em canção. A alada cascavel é o Quetzalcóatl da cultura mesoamericana... Há uma série de alusões, e a espinha dorsal são os sonhos. Aqueles dos quais se acorda sem saber de nada.

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