terça-feira, 27 de outubro de 2020

Lhe Escreveria

“Nem tudo que é ouro brilha,
Nem todas as pessoas que vagam estão perdidas;
O velho que é forte não murcha,
As raízes profundas pela geada não são atingidas.”
(TOLKIEN, The Fellowship of the Ring. London: Harper Collins Publisher, 2011., p. 170)

 

Arte por @isabellaproencart 

     A arte de Isabella Proença reflete os versos da canção do mesmo modo que o eu lírico diz que escreveria, mas, no fim não o faz. Mesmo assim, ela traz uma sensação tátil, ampliando mais uma vez o conceito para além de meu pensamento inicial.

Lhe escreveria (2011)

Lhe escreveria o poema extremo
Notei, porém, que da vida muito faltava ver
Não vira vulcões, não vira a neve
Desconhecia florestas e monumentos
Não vira exóticos animais
A deslumbrar com precisos movimentos

Não vi nada além de um fragmento
Em que eu lhe abraçava
E de tão perto minh’alma dançava

Lhe escreveria o poema eterno
Notei, porém, que da vida tanto faltava ver
Não vira monções
Uma nuvem breve passava e eu
Observava atento
Não vira caóticos temporais
Você surgiu como uma aresta no tempo

Não quis nada além
De que em seu dia um sorriso nasça
A poesia que há em você me basta

            Trecho de entrevista concedida a Jorge Luís Barros em 2011:

Jorge: Lhe Escreveria é metalinguagem (risos) você diz que escreveria algo, mas muito faltava a ver, você dizia que era uma mensagem de sms, como virou música?
 
Thales: Pensei em fazer uma melopeia, a melodia para a leitura de um poema. Parecia ‘inmusicavel’ era um texto, mais para prosa. Eu compusera uma melodia tentando emular Vitor Ramil ou Lenine, mas com poucos acordes. Nada complexo como eu costumava tentar fazer. Lia o poema enquanto praticava e passei a entoar alguns versos. Depois escrevi quatro versos novos dentro da mesma ideia, em virtude das rimas que eram na maioria internas no texto original.

    Há 26 anos ouvir sobre a traição de Saga ter ocorrido há 13 anos parecia um tempo muito longo. Aos 4, tudo parece levar muito tempo. Uma viagem de quarenta e poucos quilômetros, entre Arujá e São Paulo, por exemplo, parece interminável.
   Aos 30, ciclos de treze anos podem chegar em piscares de olhos. Se for parar para pensar, não falta muito para esta composição ter treze anos (!) por enquanto, ela tem apenas nove.
   Hoje, é bem difícil precisar exatamente quanto tempo eu estava sem compor antes de pensar no Mosaico de Estrelas. Há, sim, alguns rastros em meus e-mails. Em uma mensagem datada de agosto de 2011 eu dizia:

     Então, trazer mais uma canção separada traz uma sensação distinta daquela que existiu durante a criação e entrega originais. Não poderia ser de outra forma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário