sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Da Espera

"Agora tudo o que você pode fazer é esperar. Pode ser difícil para você, mas há um tempo certo para tudo. Tal o fluxo e refluxo das marés. Ninguém pode fazer nada para mudá-las. Quando é tempo de esperar, você deve esperar." A crônica do pássaro de corda, Haruki Murakami
Memória de Florianópolis


Música para texto publicado no dia 24 de setembro de 2016 no blog Chao Solus

Da Espera (2017)

Eu risco as paredes do meu quarto,

Eu conto os dias
Tento, em vão, juntar os pedaços
E criar qualquer tipo de rima
Quero gritar tudo que me cala,
O peso do que eu deveria ter dito
Desfazer dos meus ombros o medo
O nó do aflito
Espero, nado sabendo que vou me afogar
Espero, sacio a sede com água do mar


Eu risco as paredes do meu quarto,

Eu conto os dias...


         O arco-íris havia brotado de uma nuvem. E me acompanhou por toda a viagem. Era inútil procurar seu início ou termino. A nuvem era como uma janela para um pedaço de cor. Naquela manhã, ele decidiu que essa aparição era um sinal. Mas de quê, exatamente? Pode a maré mudar, ou qualquer vestígio de alteração é pareidolia do observador? Venho pensando em Schrödinger e seu gato. Você lança uma pergunta e, no período em que ela não vem, tem em suas mãos o sim e o não. Tudo ao mesmo tempo. 
        É o que ilustra a frase de Murakami que antecede esse texto. A questão é, como se manter em paz no período de espera? Ser a água como dizia Bruce Lee, ou melhor ser como o café reagindo à água e expandir suas moléculas e aromatizando o ambiente. Ela ama o cheiro do café e adora seu sabor. "Para mim tem que ter café", posso ouvi-la dizendo enquanto espero. Isso só está ocorrendo em minha mente, o que não torna menos real, como o prof. Dumbledore afirmou pela primeira vez há uns dez anos. 
         Chega sua vida mais pra perto meu amor, diria Simoninha. O sentimento é inominado mas as canções insistem em cantar 'amor'. O amor é apenas uma palavra, o importante é a conexão implicada por essa palavra. Como a canção Exatamente Igual da banda Nenhum de Nós que fala sobre não questionar a ausência, não lamentar o silêncio. Ter o sorriso de alguém como o ideal e não desistir. Outras canções vem e vão à mente. Quando li o poema da autora do blog Chao Solus o musiquei por instinto. Naqueles dias, já estava eu sob a sombra da espera? Seja como for, aceito consciente a consequência de seguir com minha escolha... Dizem que acreditar é o primeiro passo para que tudo dê certo.     

                 
         

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